Efeitos do neoliberalismo na saúde mental dos trabalhadores entram em pauta

Oitava edição de Congresso Internacional discutiu como a reforma trabalhista impacta a saúde mental

 

Terminou na manhã dessa sexta-feira (19) o 8° Congresso Internacional sobre Saúde Mental no Trabalho (CISMT). Durante três dias, aproximadamente quatrocentas pessoas participaram de palestras em torno do tema “Reflexos da Reforma Trabalhista nas relações de trabalho e saúde mental”. A próxima edição do evento, que é iniciativa é do Fórum de Saúde e Segurança no Trabalho do Estado de Goiás (FSST-GO), entidade coordenada pelo Ministério Público do Trabalho em Goiás (MPT-GO), será realizada em 2020.

O CISMT teve como objetivo promover discussões interdisciplinares acerca das mudanças que a Reforma Trabalhista ocasiona no bem-estar e saúde dos trabalhadores. Foram realizadas palestras de estudiosos de renome internacional – como o psicólogo clínico do trabalho Duarte Rolo, que falou sobre a questão do suicídio no trabalho, e nacional, como a doutora em Direito e analista judiciária do Tribunal Superior do Trabalho, Renata Dutra, que falou sobre a terceirização como estratégia de dominação no mundo do trabalho.

A dinâmica de trabalho neoliberalista impacta diretamente a vida de quem está inserido no mercado e essa realidade é uma preocupação que esteve presente nas discussões do CISMT, defende a conselheira do Instituto Goiano de Direito do Trabalho, Carla Maria Santos. Segundo a advogada, que ministrou uma palestra sobre o Projeto Gestão Labor (o qual visa a criação de uma força tarefa que atue diretamente em empresas que tenham mais de cinco ações relacionadas à saúde mental na Justiça Trabalhista), a possibilidade de enxergar a questão de um ponto de vista mais amplo fez com que todos pudessem perceber a gravidade da situação. “O neoliberalismo constrói uma realidade em que o lucro é mais importante que a saúde dos trabalhadores e isso já está provocando estragos na sociedade em geral”, explica.

Dados do Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho apontam que, entre 2012 e 2016, problemas de saúde mental foram o terceiro maior causador de afastamentos do trabalho e o nono maior responsável por pedidos de auxílio-doença e aposentadoria.

O coordenador do FSST-GO e procurador-chefe do MPT-GO em Goiás, Tiago Ranieri, avaliou a experiência de forma positiva e acredita que o Congresso foi capaz de ir além do simples debate. “No decorrer dos três dias pudemos construir um processo de reflexão e, assim, delimitar ações para combater as mazelas trazidas por essas mudanças na legislação trabalhista”, afirma. Profissionais atuantes dos campos do Direito, Psicologia, Medicina, Sociologia, Economia e de outras diferentes áreas, completa Ranieri, não estão inertes esperando a chegada de efeitos negativos, há iniciativa para estabelecer uma agenda de ações para ir em busca da defesa da saúde mental dos trabalhadores.

 

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Ministério Público do Trabalho em Goiás

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